outubro 28, 2010

Desmaios em locais públicos. Tema estranho, situações mais ainda.

Kitten RelaxedA primeira vez que me lembro foi aos 16 ou 17 anos, em um dos festejos mais tradicionais de Luziânia – a festa do Divino Espírito Santo. Eu já saí de casa mal de cólica, e só fui porque a festa era na rua da minha casa e a gente tava afim de beber quentão (chazinho sempre foi ótimo pra cólica, receita da vovó...). Antes de sair eu tomei umas gotas de dipirona e descemos a ladeira. Não sei quantas gotas tinham, sei que no primeiro gole de cerveja, minhas pernas pararam de me segurar e tudo foi ficando preto. A Janaína, sem entender nada (coitada, esse dia serviu para vários outros, pois 90% dos meus desmaios ela estava junto comigo), achou que eu queria vomitar e me levou para o banheiro. Imaginem a cena: eu louca quase inconsciente, com uma menina empurrando minha cabeça para dentro de um ‘cheiroso e limpo’ vaso público e a outra ‘gentilmente’ segurando meu cabelo, ambas desesperadas dizendo que eu ia ficar bem. O estranho é que quando elas abaixavam minha cabeça no vaso eu melhorava, mas era eu erguer a cabeça, via tudo preto de novo. Aquele banheiro virou um bafafá, muita gente participando e dando palpites sobre o meu estado inerte, até apareceu uma coca cola, idéia de uma colega de copo, achando que eu tinha passado da conta. Enfim, após um entra e sai frenético de mulheres, de água com gás, sem gás, suco e refrigerantes (o quentão passou longe de lá...), eu consegui convencer as meninas de que eu não ia vomitar, e que eu só precisava sentar e tudo ficaria bem...

Depois daquele dia eu fiquei com trauma de remédio em gotas, até me tocar que meu problema era fobia de muvuca. Eu não conseguia entender porque toda vez que entrava em um hospital me sentia tonta e saía apoiando nas paredes (e minha mãe brigando comigo, dizendo que não podia encostar em nada!!), mas depois me conformei que meu grande mal é o conjunto de gente suando em um mesmo quadrado. Ele pode ser grande, como um rock n rio, como pode ser o abafado shopping pátio brasil.

Aliás, desmaiar no shopping foi outra história desastrosa, um bafão daqueles, porque meu piripaque foi nas escadas rolantes... tá bom, eu estava com fome, o suficiente pro saco vazio não parar em pé. Eu sempre achei aquele lugar sinistro, um caixote gigante cheio de cores onde os emos (na época a gente chamava eles de from hell) matam aulas e aproveitam para se matarem também... Quando chegamos à última escada para alcançarmos a praça de alimentação, eu olhei pra baixo, já nas últimas, quase sem forças, e falei bem baixinho ‘acho que vou desmaiar...’, já desmaiando. Para minha segurança (só minha né, porque causei um congestionamento gigante atrás de mim), eu cai imediatamente após os degraus da escada (ainda naquela plataforma de metal)... eu sei que uns segundos depois, acordei com esbarrões de sapatos nas minhas costas, gente se apertando pra passar no único espaço que minha bunda enorme não ocupou... Ao mesmo tempo, olhei pra cima e uma comitiva, de maca e tudo, fazia menção em me carregar de lá... ainda bem que os convenci de que estava tudo bem, que eu poderia andar até o restaurante, mas eles ficaram de olho por um bom tempo...

No rock in Rio foi um pouco pior, pois estávamos há quilômetros (a pé) de qualquer lugar seguro para uma ‘cai-cai’ do meu porte (precisava ser tão grande? É a Lei da física, quanto mais comprido o corpo, maior é a queda!), a sorte é que meu amigo Del (já experiente no assunto, porque também estava comigo no shopping) tinha a metade do braço engessado e ia dando porrada nas pessoas para abrir espaço para o meu corpo quase inerte (eu andava um pouco, quando não aguentava mais, sentava de cócoras até meu sangue voltar para o cérebro e conseguir dar mais uns passos antes de descer tudo de novo. Ainda bem que tenho meus amigos, né Camilinha?! Que antes disse tudo acontecer, precisou de muitos guardanapos para inventar um novo jeito de fazer xixi no meio de um show com muitas mil pessoas), pior foi ter que assistir o red hot chilli peppers por um telão gigante (e obrigar minha irmã e meus amigos a fazerem o mesmo, pois ninguém tinha coragem de me deixar sozinha, por medo de se perderem no meio na muvuca e não me acharem mais. Seria um desperdício!)

Agora falando sério, eu tenho uma cota máxima para enfrentar show... acho que não pode passar de 2.000 pessoas, senão, meu reloginho do desmaio começa a funcionar... a última experiência foi em Recife, no carnaval, show do Lenine e Arnaldo Antunes... praça cheia, mas com espaço para respirar, caminhar, enfim, para curtir o show sem ter que cheirar o suvaco do cara ao lado, mais animado que você. Não entendi nada! Não era fome, pois esvaziamos enormes pratos de macarrão, talvez fosse a concentração de sangue no estômago e nenhuma no cérebro... o fato é que passei vergonha, dessa vez, com meu marido, que graças à Deus conseguiu me segurar antes do pior acontecer (aliás, o fator ‘força física’ prevaleceu na hora do ‘sim’).

I Had A Long DayEssa figura está dormindo!!

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