outubro 27, 2011

O custoso de Custódia – Casas e Janelas

Eu sempre achei que a diferença entre casa e apartamento era a falta de um quintal e isso sempre foi fator determinante para eu ter resistência a apartamentos; mas em Custódia, como tudo é diferente dos meus costumes, as casas são piores do que qualquer apartamento, pois, além de não terem quintal, elas não têm janelas... No sertão isso é meio que regra; dizem que é um costume desde o cangaço, para se protegerem dos ‘cabras de Lampião’. O fato é que nenhuma casa possui janelas nas laterais, nem varanda, nem nada, só aquele paredão mesmo, formando um caixotão escuro, com aberturas somente na frente e atrás. Até a garagem era incorporada na casa; estreita, desafiava as moças. Meu problema não era entrar ou sair com o carro e sim, DO carro.
Dentro das cidades eu até entendo, os lotes são pequenos e têm esse formato de corredor, fazendo com que as casas sejam emendadas. As casas normais são chamadas de ‘soltas’, sendo raras por lá. Mas nas propriedades rurais, a coisa se repete, e ainda não entendi porque se estar no meio no nada, com sua cerca de varinhas finas para impedir bodes e burricos de suas traquinices, e não fazer uma varandona ao redor da casa, com janelonas em todas as paredes...
Eu tive que me acostumar a dividir água com o vizinho de cima (não contei isso no post passado né? Pois é! Era muito ruim, mas a gente manipulava o consumo, pois a cisterna ficava na nossa casa e nos dias de ‘seca’ a gente ligava a bomba pouquíssimas vezes, obrigando o cabra a economizar também...), enfim, teria que me acostumar com meus vizinhos mais próximos de mim do que eu realmente gostaria. Na verdade eu tive sorte no começo, pois a casa de cima e a do lado esquerdo estavam em obras e a vizinha da direita era uma senhora muito querida e ficava mais na fazenda do que na cidade (capaz que lá também não tem janelas). O problema era o filho dela se divertindo com sua namorada enquanto ela não estava em casa... mas estamos falando de janelas, não de vizinhos...
Para mim aquilo era tão inédito e desconfortável, que onde eu ia reparava se os cômodos das casas tinham janelas ou não. minha casa tinha 2 banheiros e nenhuma ventilação... Agora, vocês imaginem um quadradinho bem apertadinho sem janelas para suas necessidades fisiológicas... Fechar a porta era claustrofóbico, o banho quente enfumaçava a casa inteira, mas não podia abrir a janela do quarto (não pensem que era grande, não dava a metade das que temos aqui – aqui pode ser referência para as regiões Centro Oeste e Sudeste, além do Toca, o resto eu nunca fui ou reparei), porque a bendita era virada para a rua e dava pra ver tudo, ou seja, você tinha que escolher: privacidade ou ar fresco... e aquela bosta ficava sempre fechada...
Pior de tudo era fazer comida... Frituras nem pensar, a fumaça de bife grudava no meu cabelo que eu me sentia a própria marmita. Por causa dos gatitos (como a casa não tinha quintal, apenas um corredor estreito – 10x2m, com cerâmica, onde o sol batia o dia inteiro e deixava tudo pegando fogo, eles não tinham opção), a porta da cozinha ficava sempre aberta, assim, qualquer cheiro que entrava, demorava a sair, fosse ele bom ou ruim (Nota: atrás da casa era um enorme terreno vazio, cheio de lixo e restos de construção e todo dia alguém tacava fogo ali).
No hotel onde dormimos nas primeiras semanas e trabalhamos nos primeiros meses não era diferente. Eles adaptaram os quartos do último andar para funcionarem como escritório, ficávamos em média 3 pessoas em cada ‘sala’ (só no meu grupo que a equipe era de 5!!). Na verdade havia janelas, mas elas davam para o corredor do hotel e o ar não circulava. Era muito estranho, escuro e abafado. Claro que resolvíamos com a luz acesa e o ar ligado, mas mesmo assim, sempre achei meio sombrio um lugar onde não existe janela pra você abrir e trocar o ar de vez em quando (agora nesse meu novo emprego a coisa também é feia em questão de ventilação, tenho colegas que sofrem bastante com reações alérgicas).
Eu não sei bem se isso é frescura minha, mas tenho certeza que uma janelinha não faz mal à ninguem, especialmente quando se pode colocar!

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