maio 04, 2012

Histórias do Trecho

Trabalhar no trecho não foi algo que eu sempre sonhei na vida, na verdade cai nessa por acaso, pela empolgação de poder trabalhar com animais silvestres. Mas de cara descobri que trabalhar com animais silvestres muitas vezes quer dizer desmatamentos, alagamentos e asfaltamentos em vários locais do Brasil. Não vou entrar nesse mérito, pois escreveria um livro de como obras podem (e devem) ser realizadas corretamente, mas os impactos são mesmo inevitáveis.

Comecei coordenando campanhas de monitoramento de fauna; com turmas grandes de biólogos, muitas vezes acampando no mato. Foi a época que mais sofri – tomei banho gelado em pleno julho; tinha que acompanhar todo mundo e cada um tinha um horário diferente, era meio que um samba de criolo doido, tinha dia que acordava 4 e meia da manha e no outro era meia noite eu ainda tava no meio do mato. Tinha que resolver todos os problemas que surgiam - os mais variados. Eu tentava ser prestativa, mas teve gente que “coalhou meu sangue”. Me lembro de uma lista de compras para o almoço, que tinha nome e sobrenome (colher de pau grande, óleo de girassol Mazola, arroz tio João, filezinho de frango sadia e muito mais); enfiei a lista no bolso e aprendi mais uma lição - dê apenas o braço; quando alguém quiser a perna, desconfie de sua índole, pois a monta é certa.

Mas conheci muita gente bacana, principalmente nas viagens com o pessoal da ‘Biota’, onde minhas preocupações eram quase mínimas. A gente se divertia muito. Nas campanhas o imprevisível começava na estrada, eu tinha que parar o carro ao menor sinal de bicho, mesmo tendo rodado 70 dos 700 km até às obras. Eu passava vergonha cada vez que parávamos para comer, porque a galera aterrorizava na quantidade de comida, muitos pratos alcançavam a tara da balança; já tive que compartilhar meu xampu com um cabeludo Black Power e ele não durou 2 dias...

Quando me mudei pra Palmas, passei a viajar por diversos motivos, mas sempre com as mesmas pessoas, consolidando uma forte corrente de amizade. Daí pra frente minhas estórias só aumentaram... sem contar que tudo vira bordão, e são lembrados sempre que alguém se empolga demais.

A Raquel, com seu lema “não sou baú”, socializa tudo que você diz, e ela parece um imã – nas gafes cometidas pela galera ela sempre tá presente, todo mundo conta as coisas justamente pra ela... Um cofre de fora após um tombo de bunda barranco abaixo, vira o famoso banco central; O Frangel tem este nome desde o primeiro dia de seu trabalho com a gente, pois ela foi logo perguntando sore seu topete engelzado.

Desde então, ‘a turma da festa do caqui’ protagonizou diversas e divertidas campanhas, com várias situações hilárias, que vou tentar contar aqui. Muitas vezes vou preservar o nome, pra num queimar muito o filme, tá?!

Então semana que vem eu publico o primeiro texto... o "Frango com Tudo Dentro"... beijinho a todos! Hein! não achei nenhuma foto que tivesse a ver com o tema desse texto, mas imaginem aí um gatinho usando um capacete de segurança... vou tentar tirar uma foto dos meus...

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